ARTIGO | TOP GUN: A CONSAGRAÇÃO DE UMA ERA DE OURO
- Fernanda Terena
- 23 de jun. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 9 de abr. de 2024

Top Gun: Maverick segue batendo recordes de público ao redor do mundo e chega como uma sequência do clássico Top Gun: Ases Indomáveis de 1986 cujo panorama de ação e drama revolucionou o gênero na época.
A questão é, por qual razão relançar uma continuação de um filme após mais de 35 anos de seu lançamento? Bom, a resposta é uma equação simples “nostalgia + crise = revival”. Deixem-me explicar.
Há uma constante tendência de que quando as coisas ficam ruins (crise), nós buscamos bons momentos de “quando tudo era melhor” (nostalgia) para resgatar nossa confiança e segurança (revival). É uma velha premissa do “no meu tempo as coisas funcionavam melhor” ou “eu pagava 1 real no guaraná caçulinha com pokebola”.
Em momento de crise financeira, épocas caóticas e epidemias, as pessoas buscam resgatar suas memórias. E isso se reflete na cultura e no entretenimento, podemos ver por exemplo artistas como Dua Lipa e Bruno Mars compondo músicas com acordes dos anos 70/ Disco, o lançamento da novela da Globo “Verão 90”, o sucesso da série Stranger Things, a ascensão de movimentos conservadores, até mesmo a calça pantalona de cintura alta.
Eis que as regravações dos filmes em live action, o retorno de Matrix 4 (não vamos comentar sobre isso – dói) e a constante adaptação de elementos que permearam a infância/adolescência de muitos culminaram no retorno de Top Gun: Maverick.
Hoje, até mesmo para muitos que não viveram uma adolescência apaixonados pelo Tom Cruise (ou desejando ser ele), Maverick retorna como um símbolo de 3 elementos:
A força americana que não pode ser substituída ou trocada, premissa que o filme reforça constantemente – “o que importa é o piloto e não a máquina”
A fragilidade e a complexidade das relações, bem como a importância de trabalhá-las, as pessoas são difíceis.
O poder está no coletivo e na colaboração.
Nesses 3 elementos de resgate, muitas vezes evidenciando a masculinidade e força, o filme consegue manter em perfeição as características de sua primeira produção para se tornar relevante e contemplar com honra uma Era de Ouro fruto de inúmeras tentativas frustradas de revivals sem fundamentos ou relevância.
Além disso, o filme ainda consegue ser atual sem tomar nenhum partido – coisa difícil e rara ultimamente – abordando temas como riscos da tecnologia, responsabilidade e dentro do cenário global atual. O filme se sustenta em si, sem inimigos tangíveis ou qualquer outra força oposta, além da dualidade e complexidade de que se propõe. Talvez por essa razão precisávamos tanto de Maverick, para encerrar esse ciclo com dignidade e superar as barreiras para uma nova era de criatividade no cinema tão necessária.
Texto disponível em: https://pipocamaisrefri.com.br/
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